DIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO DE ITAPEVA

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

COORDENADORIA DE ENSINO DO INTERIOR

DIRETORIA DE ENSINO – REGIÃO DE ITAPEVA

 

                                                          Itapeva, 29  de novembro de 2004.

 

Circular nº  479/2004

Assunto: Prevenção Também se Ensina

 

Senhor ( a) Diretor (a)

Desde 2002, o Projeto Prevenção Também se Ensina tem encaminhado preservativos (doados pela SES/CRT-Aids/SP) a todas as Diretorias de Ensino, para serem utilizados nas oficinas de sexo seguro, realizadas pelas Oficinas Pedagógicas. Esses encontros, ministrados pelos coordenadores locais do projeto, devem ter o objetivo de sensibilizar e instrumentalizar os educadores das escolas, em especial os PCPs, para, como multiplicadores, ensinarem o uso correto do preservativo como método contraceptivo e de  prevenção, eficaz e indispensável não só às DST/HIV/aids, como também à gravidez na adolescência.

            Visando dar continuidade a essa proposta, além dos preservativos, estamos enviando, também, dados recentes sobre a aids no mundo e no Brasil, bem como, o resumo da Campanha para o dia 1o de dezembro de 2004 - Dia Mundial de Luta contra a Aids, que tem como objetivos:

§         sensibilizar toda a sociedade;

§         abordar os múltiplos problemas que afetam as mulheres e as meninas em relação  ao HIV e à aids.

            No Brasil, para ambos os sexos, o adoecimento decorrente de infecção pelo vírus da aids concentra-se na faixa etária compreendida entre 20 e 49 anos, causando prejuízos significativos, pois incide sobre a época de maior produtividade do indivíduo. Observa-se ainda que o vírus HIV tem maior incidência em alunos do Ensino Fundamental, em especial nas meninas pela transmissão sexual heterossexual.

            Assim, reitera-se que a  contribuição dos educadores e da escola, como agentes incentivadores das ações educativas de prevenção junto à comunidade escolar, é ainda  a estratégia mais eficaz contra a disseminação do HIV e o impacto da aids.

            Certos de contarmos com a sua colaboração em mais este momento de formação continuada, antecipadamente agradecemos.                 

 

                                                                   Atenciosamente,

 

 

 

                                              Delvi Ferreira  Alexandre

                                                                                Dirigente Regional de Ensino

                                                                   

__________________________

 

A aids no Brasil

No último Boletim Epidemiológico publicado pelo CN-DST/aids – Ministério da Saúde, o número de pessoas diagnosticadas no Brasil com o vírus da aids no período de 1980 a 31/12/2003 foi de 310 mil casos;  84,8% registrados nas regiões Sudeste e Sul.

Em todas regiões brasileiras, houve uma redução na taxa de incidência de aids em relação ao ano de 2001. No Sudeste, esta redução foi de 17,7%.

Os casos diagnosticados no País, entre 1983 e 2003, no sexo feminino, foram em número de 89.527, representando 28,8% do total. A razão de sexo neste período foi de 2,5 casos masculinos para cada caso feminino com diagnóstico de aids.

Com relação à faixa etária tem-se, no sexo feminino quanto no masculino, um adoecimento maior na faixa etária de 20 a 49 anos, indicando que, muitas vezes, o contágio ocorreu na adolescência ou juventude. A maior parte destes contágios continuam sendo por contato sexual (63,8%) e entre heterossexuais.

O grupo de mulheres com mais de 13 anos de idade concentra 84.266 dos casos da doença, sendo que 86,9% decorreram de transmissão sexual heterossexual, salientando que esse índice aumentou de 70,7% em 92 para 93,5% em 2003.

Do mesmo modo que no sexo masculino, a incidência de aids atinge, em maior grau, mulheres com níveis menores de escolaridade, representando 54,5% dos casos. Os casos em mulheres diminuem quando aumenta o grau de escolaridade, mas não com a mesma intensidade da queda entre os homens.

Mesmo que não na mesma proporção que na África Subsaariana e na Ásia, o número de casos entre mulheres brasileiras está aumentando independente do significativo aumento da oferta de preservativos.

Muitas mulheres têm dificuldade em negociar o uso da camisinha com os parceiros, ora por se considerarem protegidas em decorrência de relações estáveis, ora porque a exigência para que o parceiro use preservativo pode acarretar violência, ou ameaça de rompimento da relação. Há também o mito do amor romântico, no qual uma grande paixão é maior que qualquer risco.

Por outro lado, aspectos de nossa cultura fazem com que muitos meninos e homens adultos resistam a usar o preservativo por acreditarem que o uso do preservativo dificulta a ereção e diminui o prazer.

 

 

Campanha para o dia 1o de dezembro de 2004

Em 1988 a OMS – Organização Mundial de Saúde, estabeleceu pela primeira vez o Dia Mundial da aids. O dia 1º de dezembro se converteu rapidamente em uma das datas mais lembradas do mundo contando com inúmeros simpatizantes.

Posteriormente, em 1997, a UNAIDS, órgão da ONU voltado diretamente para aspectos relacionadas à epidemia, empreendeu a primeira Campanha Mundial contra a aids de duração anual.  Desde então, coordena a Campanha Mundial contra a aids como um associado independente da ONU promovendo campanhas específicas junto a governos e setores da sociedade civil. Estas campanhas estão embasadas em índices epidemiológicos que evidenciam populações em situação de maior vulnerabilidade.

Nas décadas de existência da epidemia,  30 milhões de pessoas faleceram por causa da aids e, atualmente, cerca de 40 milhões estão infectadas.

Neste ano, a proposta da UNAIDS é focalizar mulheres e meninas, pois hoje, mundialmente, elas compõe a metade de toda a população que vive com o HIV. A meta proposta é acelerar a resposta mundial ao HIV e a aids prevenindo novas infecções e promovendo acesso ao tratamento.

Mundialmente, o índice de infecção pelo HIV entre os jovens está aumentando rapidamente:  67% dos novos casos estão ocorrendo nos países em desenvolvimento entre jovens de 15 a 24 anos, manifestando-se especialmente entre mulheres jovens e meninas que representam 64% da população destes países.

As mulheres jovens e as meninas são mais suscetíveis ao contágio que os homens e rapazes. Os estudos apontam uma probabilidade 2,5 vezes maior de  o público feminino infectar-se pelo HIV que o masculino.

Em comparação aos homens, as mulheres têm o dobro de probabilidade de contrair o HIV em um único ato sexual não protegido. Entretanto, seguem dependendo da cooperação do parceiro para proteger-se da infecção. Além disso, em todo mundo, espera-se que as mulheres assumam a maior parte das tarefas domésticas e que cuidem dos membros da família. O HIV e a aids tem aumentado significativamente a carga das mulheres, uma vez que se pressupõe que elas também arquem com a assistência aos familiares infectados.

Durante a última década, nos países onde há alta prevalência de casos, a escolarização das meninas tem diminuído. São as primeiras a saírem da escola para cuidarem dos familiares doentes ou dos irmãos menores.

A matrícula de meninas no Ensino Fundamental vem sendo comprometida pelo HIV, uma vez que as impossibilita de avançarem em seus estudos. No entanto, deposita-se grande confiança na escola, pois, a educação, pela conscientização que proporciona, é o fator protetor fundamental contra a disseminação do HIV e da aids.

 

 

SUGESTÕES DE OFICINAS

 

1- PESSOAS E COISAS

Objetivo:

·    facilitar o reconhecimento de relações de poder e desigualdade que existem em nossa sociedade e que, muitas vezes, dificultam a prevenção das DST/aids.

Tempo:                60 minutos

Procedimentos:

-      Divida o grupo em dois com uma linha imaginária. Cada lado deve ter um número igual de participantes.

-      Informe que o nome da atividade é: Coisas e Pessoas. Escolha, aleatoriamente, um grupo para ser as “coisas” e o outro para as “pessoas”.

-      Leia as regras para cada grupo:

Coisas:               As coisas não podem pensar, não sentem, não podem tomar  decisões, não têm sexualidade, têm que fazer aquilo que as pessoas lhes ordenarem. Se uma coisa quer se mover ou fazer algo, tem que pedir permissão à pessoa.

Pessoas:             As pessoas pensam, podem tomar decisões, têm sexualidade, sentem e, além disso, podem fazer o que quiserem com as coisas.

-      Peça para o grupo das “pessoas” pegar as “coisas” e fazer com elas o que quiser. Poderão ordenar que façam quaisquer atividades.

-      Dê ao grupo de 15 a 20 minutos  para que “as coisas” desempenhem os papéis designados dentro do espaço da sala.

-      Solicite aos grupos que regressem aos seus lugares.

Perguntas para discussão:

-                     Como foi sua experiência?

-                     Como sua “pessoa” o tratou?

-                     O que você sentiu? Por quê?

-                     Em nossa vida cotidiana, nós tratamos os outros dessa maneira?

-                     Quem? Por quê?

-                     Como poderíamos modificar esta forma de tratamento?

Encerramento:

-         Retomar os sentimentos gerados pelo exercício e questionar como se deram as relações de poder e porque aconteceram dessa maneira. Em geral, surgem sentimentos de depreciação que, por sua vez, geraram sentimentos de rebeldia,  submissão, agressão, dependência, raiva e ressentimento.

-         Alertar para o fato de que há sempre uma relação, e que as fronteiras não são tão bem demarcadas. Nas negociações relacionadas com a sexualidade, a mulher comumente não participa nas decisões de como, quando e de que maneira se dará a relação sexual. Estas relações de poder, em geral, têm base no imaginário social de sacrifício feminino e destino. Infelizmente, isto repercute no número de novos casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e HIV/aids e nos índices de violência contra mulheres e negros etc.

-         Evidenciar que pesquisas mundiais vêm demonstrando que o racismo e o sexismo são fatores determinantes na construção da baixa auto-estima de crianças. E essa baixa auto-estima traz vários impactos em seu desenvolvimento pessoal: dificuldade de exigir seus direitos; menor cuidado com seu corpo; maior exposição a situações de vulnerabilidade, dentre outros.

-         Enfatizar que é nosso dever juntar esforços para identificar esses preconceitos  em nosso cotidiano, pois um ambiente isento dessas situações é fecundo para a  construção de uma sociedade mais justa.

-         Informar que, de 30 de agosto a 7 de setembro de 2001, realizou-se em Durban, África do Sul, a Conferência Mundial contra o Racismo, patrocinada pela Organização das Nações Unidas.  Uma das recomendações proposta nesse evento é que todos os países se opusessem às mais variadas formas de racismo, com medidas efetivas para evitar e coibir o surgimento de movimentos baseados no racismo e em idéias discriminatórias.

 

2- TEM GENTE QUE NÃO USA CAMISINHA PORQUE...

Objetivos:

·             conhecer a camisinha e aprender a usá-la corretamente;

·             desmistificar a crença de que a camisinha é um obstáculo ao prazer e à ereção;

·             incentivarar a negociação entre parceiros para o uso da camisinha.

Tempo:                120 minutos

Materiais:             cartões, canetas, caixa pequena; camisinhas masculinas e femininas, bananas, pênis de borracha,  pepinos, copos de plástico transparente.

Procedimentos:

Fase 1

-      Entregue a cada participante um cartãozinho e solicite que escrevam uma frase ou idéia que estejam relacionadas à sexualidade e ao uso da camisinha.

-      Peça aos participantes, inicialmente, que depositem seus cartões na caixa colocada em frente ao grupo. Em seguida, cada um deverá ir à frente e tirar da caixa um cartãozinho, cujos dizeres serão lidos em voz alta e considerados  verdadeiros ou falsos.

-      Ao mesmo tempo em que forem sendo lidas, o/a educador/a vai completando ou corrigindo a informação contida nos cartões. 

Fase 2

-      Na seqüência, mostre um preservativo masculino e explique os cuidados que se deve ter ao comprá-lo e como deve ser utilizado. Pode-se utilizar uma banana, ou um pepino ou um pênis de borracha para esta explicação

-      Faça  o mesmo com a camisinha feminina, utilizando-se de um copo de plástico transparente para que os participantes percebam como colocá-la e fixá-la  dentro do canal vaginal.

Fase 3

-      Proponha que duas ou mais pessoas façam uma dramatização mostrando as dificuldades mais comuns que os/as jovens têm na hora de falar sobre o uso do preservativo e como  lidar com estas dificuldades.

Pontos para discussão:

-      O que é aids?

-      Como o vírus da aids pode ser transmitido?

-      Ser soropositivo é o mesmo que ser doente de aids?

-      Como uma pessoa sabe que é portadora do vírus da aids?

-      Quais os motivos que levam um/a jovem a não usar o preservativo, mesmo sabendo que o seu uso é indispensável? 

-      O jovem quer usar a camisinha. Como comunica essa intenção a sua parceira?

-      Uma garota quer que seu parceiro use camisinha. Como ela pode manifestar esse desejo a ele?

-      O que pode passar pela cabeça dos adolescentes quando, na hora da relação sexual, o garoto diz não ter camisinha e a garota diz ter uma na bolsa?

-      Qual a sua opinião sobre a camisinha feminina? Vocês topariam usar?

Encerramento:

-      Conversar sobre as dificuldades da primeira relação sexual de um jovem:

ü      Tensão

ü      Medo de falhar

ü      Medo de não agradar

ü      Nesse contexto, a camisinha é considerada mais um obstáculo.

-      Conversar sobre as dificuldades da primeira relação sexual de uma garota:

ü      Preocupação com dor e sangramento;

ü      Preocupação sobre o que o garoto vai pensar sobre seu corpo;

ü      Constrangimento em fazer o pedido de uso da camisinha;

ü      Explorar ao máximo as manifestações sobre essas questões.

-      Desconstruir os diversos mitos que incentivam o não uso do preservativo como:  “é como chupar bala com papel”.

-      Esclarecer que sexo protegido não envolve apenas o uso da camisinha, pois não está limitado à penetração vaginal ou anal. Envolve também cuidados durante o sexo oral.

-      Evidenciar que os dados estatísticos têm indicado  que, em relações estáveis, o uso da camisinha é deixado de lado e que esse comportamento aumenta a vulnerabilidade às DST/aids.

-      Informar que, atualmente, as mulheres heterossexuais, vivendo em relações estáveis, têm sido as maiores vítimas da aids. Discutir a dificuldade da adoção da camisinha (método preventivo mais eficaz contra a infecção) como parte da rotina íntima de um casal. As mesmas considerações podem ser feitas para os casais homossexuais.

-      Comentar a existência da camisinha feminina como uma alternativa de prevenção e contracepção e como utilizá-la corretamente.

-      Reforçar a importância da  negociação do uso do preservativo (masculino ou feminino) antes da relação sexual acontecer.

 

3- A FESTA DAS DIFERENÇAS

Objetivo:

·    estimular reflexões sobre a vida social de pessoas com HIV considerando o modo como são vistas e tratadas pelos que as cercam.

 

 

Materiais:               quadrados de papel em número igual ao de participantes, divididas em três grupos, marcadas com os sinais “+” “-“ e “ ? ”; fita adesiva.

Tempo:                    90 minutos

Procedimentos:

-         Pedir aos participantes para formar um círculo.

-         Colar nas costas de cada participante um quadrado. Eles NÃO podem ver o sinal que receberam.

-         Em seguida, pedir que eles se comportem como se estivessem em uma festa (conversando, sorrindo, brincando etc). Explique que cada um recebeu um sinal indicando sua condição em relação ao HIV -  uns são positivos (+), outros negativos (-) e outros estão em dúvida (?). É preciso que fique bem claro que as pessoas não sabem de sua condição, embora saibam da condição das outras.

-         Explicar que todos podem interagir usando quatro formas de cumprimento: aperto de mão, abraço, cumprimento apenas verbal ou com gestos. Devem tratar os outros a partir da sua condição, conforme os comprimentos recebidos. 

-         Após alguns minutos de festa, pedir que todos se despeçam e voltem a formar o círculo, posicionando-se próximos dos que se acreditam semelhantes.

-         Estabelecer a discussão sem que os participantes saibam, ainda a que grupo pertencem.

-         Depois, cada um retira seu quadrado e quem quiser comenta se sua suposição foi confirmada ou não.

-         A partir das revelações, a discussão continua, explorando, principalmente, os sentimentos das pessoas que tinham em suas costas o (-) ou o (?).

Pontos para discussão:

-         Os portadores de HIV devem ser tratados de modo diferente? Por que? Como?

-         Quais as formas de se evitar o preconceito?

-         A vida social dos portadores de HIV deve ser diferente da de um não-portador?

-         Quais são os direitos dos soropositivos? E dos doentes de aids?

Encerramento:

-         Um dos objetivos básicos neste trabalho é despertar a solidariedade para com as pessoas portadoras do vírus da aids. Discutir com os participantes a discriminação social e o preconceito de que são vítimas os portadores do HIV e os doentes da aids.

-         Enfatizar que a idéia de que a aids é uma doença relacionada a um desvio de comportamento ou a um castigo, ainda leva homens e mulheres heterossexuais a acreditarem que estão livres da possibilidade de contágio.

 

-         Explorar que, apesar da aids estar constantemente sendo discutida pela mídia, inclusive com relatos de experiências de pessoas convivendo com o vírus há mais de uma década, ainda é bastante acentuado o preconceito com relação às pessoas infectadas. Evidenciar os preconceitos e porque eles ainda são tão fortes em nossa sociedade.

-         Lembrar que o preconceito também está relacionado à idéia de que só têm o vírus da aids, a pessoa que é promíscua, homossexual ou drogada. Todos esses denominações são características da discriminação.

 

Bom Trabalho!


 


 

Dados pesquisados no site www.aids.gov.br   em 1 de outubro de 2004.

 

 Informações pesquisadas em  www.unaids.org/html/pub/wac/WAC-2004, pesquisadas em outubro de 2004.

Oficinas adaptadas da publicação Trabalhando com homens jovens, Instituto PROMUNDO/ ECOS/PAPAI/Salud y Gênero, 2002.